quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Vocação cristã

Vocação Cristã: é preciso acertar para ser feliz



Quando chega agosto, é quase impossível não ouvir bater em nosso coração o apelo vocacional. Para a Igreja Católica no Brasil, agosto é mês vocacional. Mas ao mesmo tempo eu sinto que nem todo batizado entende profundamente o sentido e alcance da palavra vocação. Talvez por isso ela continue insistindo em falar sobre isso todo ano.

Cresci ouvindo meus catequistas dizerem que vocação, palavra que vem do latim vocare, significa chamado. Até aí tudo bem, fácil de entender. Mas chamado para quê? Quem me chama? Como me chama? Como devo responder ao chamado? Ou devo ignorá-lo? Como poderei saber se estou realmente respondendo bem ao chamado? Perguntas como essas são frequentes, afinal, a decisão vocacional vai marcar minha existência, minha vida, única e irrepetível. Acertar ou errar na resposta vocacional pode ser a razão de conquista ou não da minha felicidade na vida! Isso é sério, e para os que creem, como nós, resposta vocacional coerente e certeira é a única certeza que teremos de estar ou não respondendo acertadamente à vontade de Deus.

Espero que não tenha ficado temeroso, afinal resposta vocacional precisa ser sempre alegre e afetiva, não deve nos causar medo, ainda que precise ser dada com responsabilidade. Aliás, aqui está a diferença entre vocação e profissão: a primeira é dom de Deus para mim, é existencial, será perene, faz parte das minhas entranhas e me completará até o dia em que chegar o momento da morte; a segunda é escolha pessoal, a partir de gostos e aptidões, será necessária para meu sustento, me trará alegrias, mas chegará o dia da aposentadoria.

Assim serei vocacionado para determinados estados de vida cristã – matrimonial, sacerdotal, religioso, leigo consagrado – e em todos esses estados de vida poderei definir melhor uma profissão, que ao longo da vida poderá mudar, sem que isso altere minha existência profunda. Usando exemplos, posso ser chamado para ser padre e trabalhar como jornalista, escritor, pároco, professor. No chamado ao matrimônio posso ser médico, operário, secretária ou cientista. Posso ser um leigo consagrado e trabalhar normalmente para meu sustento. Ufa, acho que ficou claro, né?

Assim, quando falamos de vocação, estamos dizendo que pela fé, e pela vida cristã que assumimos, nós acreditamos que Deus tece para cada um de nós um caminho de realização existencial, que será revelado ao longo da vida, e do qual dependerá minha realização plena. A experiência da Igreja mostra que normalmente Deus chama cada um de nós na adolescência e juventude. É nessa etapa de definição da personalidade que Deus também age, provocando nossos pensamentos e sentimentos na escolha de um estado de vida. Obviamente há exceções, há os que definem sua vocação desde a infância e outros que precisarão amadurercer um pouco mais para percebê-la claramente. O certo é que Deus convoca, e a resposta depende muito de nossa sensibilidade à voz de Deus.

A voz de Deus não vem diretamente dele. Há sempre mediações nesse dialógo. A voz de Deus pode vir dos meus pais, do pároco da igreja, de algum amigo, dos professores ou catequistas, de algum fato que vejo na TV ou ouço no rádio, de alguma notícia ou alguma experiência que tenho num retiro ou na liturgia.

A voz de Deus vem, especialmente, pela leitura e meditação de sua Palavra. A Bíblia sempre será o lugar privilegiado de ouvir a voz de Deus. O certo é que saberemos ser uma voz verdadeira quando arder nosso coração pelo desejo de ser algo bom para Deus e para o próximo, quando pulsar em mim o sonho da missão pelo bem e pela construção do Reino de Deus, marcado pela paz e justiça.

Seja como for, casado, solteiro, consagrado, o importante, caro jovem, é encontrar-se com Deus e responder positivamente ao chamado que Ele lhe faz. Em caso de dúvidas, há livros e orientadores espirituais, padres, religiosos e religiosas, que podem colaborar com seu discernimento. Lembre-se: acertar na vocação é acertar no caminho da felicidade!


Por. Pe. Evaldo César,C.Ss.R.

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