quarta-feira, 11 de março de 2015

Série: Orar 15 Dias com Maria Celeste

Apresentamos a meditação do terceiro dia da espiritualidade Crostarosiana, nesse dia observaremos um pouco sobre o seu Sol Divino. #Acesse, #compartilhe e #divulgue!




Contemple-Me...


Contemple-me, ame e viva de amor,
Não segundo a carne, mas segundo o
Espírito; não segundo os sentidos,
 mas de maneira divina (E, L’ an 1732)

Contemple-me... É o chamado de Jesus à contemplação. Maria Celeste não hesita em responder “sim”. E Jesus insiste:

Contemple-me com os dois olhos, fixe-os sobre o meu supremo e eterno Bem, sem lhar para as coisas passageiras e terrenas, e menos ainda para os impulsos que vêm de seus instintos inferiores (L, Solilóquio Diálogo).

Constantemente o Senhor lembra Maria Celeste sobre esse olhar de contemplação. Ela está bem consciente disso: “A primeira lição que me dás é a de ter o olhar sem cessar fixado em teu divino Ser”(L, sexto Diálogo). E ela tem sempre presente este apelo do Senhor: “contemple-me sempre com o olhar de sua inteligência, mesmo nas menores coisas” (L, oitavo Diálogo).

Por que é tão frequente esse apelo, senão porque “contemple-me” é um apelo de amor? Não há verdadeiro amor sem contemplação. A mãe que ama seu filho contempla-o, e, nessa contemplação, o filho descobre que é amado. Assim, também nós diante de Deus. É o que Jesus diz repetidas vezes a Maria Celeste:

Aja de tal forma que, por uma aspiração de amor, sua alma tenha sempre o olhar fixado em mim, e que todas as suas ações, espirituais, temporais ou sentimentais, reduzam-se a um só ato de amor e de reta intenção, tendo a mim como único objeto (L, Oitavo Diálogo).

Jesus ainda revela a Maria Celeste que, enquanto ela contempla Deus e é por ele contemplada, essa mútua contemplação tem como única fonte o amor que vem de Deus:
Bem-amada de meu Coração..., observe: meus olhos estão agora fixos em você, para que você me contemple com meu próprio olhar (NN, quatrième jour).

Essa contemplação ilumina e transforma Maria Celeste. Ela descobre o segredo maravilhoso dessa troca de olhares: a humanidade e a divindade de Cristo, Verbo feito carne, Deus feito homem. E depois desse apelo à contemplação, ela ouve do Senhor o apelo a uma vida de amor, com Deus e com o próximo:

Ela vive na força do amor e na chama do Espírito Santo que, como um fogo, se ergue da alma assim inflamada, com violência e ao mesmo tempo com suavidade, transformando em vivo fogo de amor toda alma disposta a recebê-lo... Assim, para a alma nesse estado, tudo é zelo ardente e chama de amor; ela fala sempre do amor, estima o amor, quer o amor, sente o amor, ama o amor, pensa no amor, deseja o amor, vive por amor, no amor compreende e deseja viver por toda a eternidade. Ó amor inefável e divino, centro e vida dos corações! (L, Degrau Décimo).

Esse texto de Maria Celeste é claramente inspirado em São Paulo: “Se eu não tenho a caridade, se me falta o amor, não sou senão um bronze que soa, um tímpano que retine. Seria inútil ser profeta, ter toda a ciência dos mistérios e toda a sabedoria de Deus e toda a fé a ponto de transportar montanhas, pois se me falta o amor, eu nada seria; poderia distribuir toda minha fortuna e me deixar queimar, mas se não tiver caridade, isso de nada me serve...”(1Cori 13, 1-3).

Para Maria Celeste, como para Paulo, Deus é amor, Deus não é senão amor. Amor humilde e incandescente. Ela está convencida disso, e o Senhor a convida a viver desse amor. Isso é mais importante, garante-lhe Jesus, que todos os dons extraordinários com os quais algumas almas podem ter sido favorecidas:

Eu estimo mais em uma alma um grama de amor puro que todas as graças extraordinárias com que possa estar ornada. Aprecio, sem dúvida, esses favores, como riquezas minhas nas almas que os possuem e nas quais eu os depositei, mas exijo que, na qualidade de depositárias, elas  os guardem com extrema fidelidade.
Aquelas, porém, às quais não concedi essas riquezas e graças, mas que me amam de coração, proporcionam-me grande glória. Por sua humildade e menosprezo  de si mesmas, elas me glorificam com grande pureza de amor. Alegra-me imensamente nelas viver escondido.
No céu, as almas serão glorificadas na medida de seu amor e não de seus dons! (L, Primeiro Diálogo).

Esse olhar amoroso pouco a pouco se transforma em oração silenciosa. Oração por ela mesma e por todo o mundo:

Em um único olhar de amor, a alma expõe não só suas próprias mazelas, mas também as misérias do próximo, bem como todas as graças que deseja. Ela está diante de seu Bem-Amado e, por um só olhar de amor, apresenta-lhe todas as suas necessidades. Seus olhos não se alegram apenas pela felicidade de contemplar seu Bem-Amado, mas por ser substancial, amigável e misericordiosamente por ele contemplada (L, Degrau Segundo).

Maria Celeste faz a experiência desse olhar de amor do Verbo encarnado, principalmente na hora da eucaristia:

Na santa comunhão (o Verbo encarnado), revela-se lançando-lhe um olhar de amor a partir da santa hóstia, um olhar da santa Humanidade unida... ao Verbo. Esse olhar seria suficiente para fazer morrer de amor ou de dor, se o Senhor não reconfortasse e fortalecesse a alma que recebe essa graça. Foi esse olhar fixo em São Pedro, depois que ele traiu o Mestre, que bastou para fazê-lo chorar seu pecado pelo resto da vida, com infinita dor, pois feriu de tal forma seu coração que essa ferida de amor jamais cicatrzou, mesmo sabendo ele que seu querido Mestre lhe havia perdoado (L, Degrau Oitavo).

Maria Celeste viveu de olhos abertos. Abertos para Jesus, que a mira com amor; abertos para o mundo, que é visto com amor pelo mesmo Jesus Salvador.

E nós, hoje?

Será que, antes de toda oração, nós gastamos tempo em nos deixar olhar, em silêncio, pelo Senhor? Em acolher, com humildade e com calma, esse olhar pousado sobre nós? E, depois, em responder a esse olhar de amor com outro sincero olhar de amor? Compreendemos que esse olhar de amor é uma oração das mais perfeitas?

Estamos decididos a manifestar esse amor com atos concretos de caridade para com o próximo, ao correr de todo o nosso dia, uma vez que, como disse Jesus, “tudo o que fazeis a um desses pequeninos, que são meus irmãos, é a mim que o fazeis?”(Mt 25, 40).

Como diz São João: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, foi ele que nos amou... E nós, nos reconhecemos e cremos que o amor de Deus está entre nós. Deus é amor”(1 Jo 4, 10-16), compreendemos, por fim, que todo amor vem de Deus? Em outras palavras, compreendemos que Deus é a fonte de todo amor? Do amor que temos por ele, do amor que temos pelos outros, do amor que dele e dos outros nós recebemos?

Oremos com Maria Celeste

Ò Verbo eterno...
Tua voz substancial sem dizer palavras me
Explicou
O ato puro e divino de teu ser no Pai celeste
E do ser do Pai em ti.
Eu vi que és a felicidade e a sabedoria do Pai,
Luz infinita, todo poder,
Riqueza, glória, beleza, misercórdia, verdade,
Justiça, santidade:
Espelho limpidíssimo de todas as perfeições divinas;
Paz, centro, contentamento,
Quietude participante de toda a bondade
E felicidade do Pai...
Tu és a luz e a glória dos anjos,
A beleza e as delicias do céu,

E a força invencível da virtude de Deus (Es, Premier Jour)

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