quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Proposta de Alfonso

A Proposta de Santo Afonso
Nápoles, Padres demais e Apóstolos de menos

Lá por 1700 e pouco, a diocese de Nápoles, no sul da Itália, tinha uns 500 mil habitantes, 39 paróquias na sede e 41 na zona rural. Na sede havia 104 conventos, com 4.500 religiosos, padres e irmãos. As igrejas eram 504, com uns 1.500 padres seculares ligados à arquidiocese, enquanto havia ainda mais uns 3.000 sem ocupação pastoral definida. Em todo o Reino de Nápoles, para uma população de 4 milhões, havia 56 mil padres, 31 mil religiosos, 23 mil freiras.

Havia duas ou até três cidades de Nápoles. Uma era a dos importantes e dos ricos, vivendo de rendas, do comércio ou ocupando altos cargos no Reino e na Igreja. Era a Nápoles dos andares superiores, das carruagens, dos salões e dos minuetos. Outra era a cidade dos andares térreos e dos porões, a Nápoles dos empregados domésticos, dos prestadores de serviço, dos que viviam de espertezas. Fora do centro de ruas apinhadas, estava a cidade da periferia, da beirada do porto, dos quarteirões olhados com suspeita, dos marinheiros e dos desempregados.

Além do Reino da capital, havia o reino dos fundões perdidos, dos povoados escondidos, das pequenas cidades, dos pobres e dos esquecidos. Também no interior sobravam os padres, mas poucos eram os que realmente se dedicavam à evangelização. Era quase dominante uma religiosidade sincretista e mágica, alimentada pelo medo, pela ignorância e por interesses.

Foi na capital desse reino que, em 1696, nasceu Afonso de Ligório, de família rica, importante e cristã. Recebeu a melhor instrução possível naquele tempo, foi advogado de fama, deixou tudo para ser padre em 1726, para ser apóstolo de fato para os que precisavam.