quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Carta do superior Geral dos Missionários Redentoristas




CARÍSSIMOS CONFRADES, FORMANDOS, ASSOCIADOS LEIGOS À NOSSA MISSÃO E FAMÍLIA REDENTORISTA E, NESTA OCASIÃO ESPECIAL, TODAS AS MONJAS DA ORDEM DO SANTÍSSIMO REDENTOR, 1. Júlia Marcela Santa Crostarosa nasceu em 31 de outubro de 1696 em Nápoles. Entrou no conservatório (convento) teresiano de Santa Maria das Sete Dores em Marigliano na primavera de 1718 e professou como carmelita em 21 de setembro de 1719. Em outubro de 1723 o convento foi fechado e ela, em janeiro de 1724, entrou no mosteiro visitandino da Santíssima Conceição de Scala, Salerno. Poucos dias depois, iniciou o noviciado tomando o nome de Irmã Maria Celeste do Santo Deserto; renovou em seguida os votos como visitandina em 28 de dezembro de 1726. Quando era ainda noviça, em 25 de abril de 1725, após a celebração da Eucaristia, começou a ter a intuição de fundar um novo Instituto. Encorajada por seu confessor e pela mestra das noviças, escreveu a regra, cujo centro é a comunidade como viva memória do amor do Redentor. Em 1730, encontrou S. Afonso e, graças a seu auxílio, no dia 13 de maio de 1731, nasceu a Ordem do Santíssimo Salvador, cujas Regras foram aprovadas pelo Papa Bento XIV em 8 de junho de 1750, mudando o nome para Ordem do Santíssimo Redentor. Em 14 de setembro de 1755 morreu em Foggia, reconhecida pelo povo como a Santa Priora. 2. A história de Celeste é complexa e sua vida não foi fácil. Particularmente duros foram os momentos de tensão com Dom Tomás Falcoia devido à sua defesa da intuição originária na definição das regras da comunidade. Viu-se obrigada a deixar Scala. Permaneceu, porém, inalterada a amizade e a comunhão fraterna com S. Afonso e os outros Redentoristas, inclusive S. Geraldo. Com profunda fé em Deus e perseverança conseguiu, em Foggia, implementar o projeto original.

Na sua hagiografia, no site do Dicastério para as Causas dos Santos, lemos: “A Serva de Deus, desde a juventude, experimentou um forte chamado à santidade e ao matrimênio místico com Cristo, esposo exigente, e andou sempre buscando uma radicalidade na consagração religiosa, propondo uma reforma que concebia a vida das Monjas como uma perfeita imitação da vita de Cristo e a comunidade religiosa como uma viva memória do seu amor redentor para com todos. A Eucaristia, o coração traspassado do Salvador e a devoção à SS. Virgem Maria constituíram o centro permanente da sua espiritualidade. Imersa na oração e na contemplação do mistério de Jesus Redentor, Irmã Maria Celeste afrontou com firmeza não só a cotidiana luta espiritual para tender à perfeição, mas também uma série de obstáculos e de incompreensões que encontrou na sua caminhada”. 1 3. Um dos conceitos caros a Madre Celeste é o de uma comunidade que seja viva memória do amor do Pai em Cristo. Para tanto é preciso que as irmãs se deixem transformar pelo Espírito em retrato vivo do Redentor. Essa profunda experiência e íntima comunhão, vividas no nível pessoal, permitem à comunidade ser um testemunho irradiante de esperança para toda a Igreja, particularmente para aqueles que delas estão privados. A espiritualidade de Madre Celeste procura viver a comunhão com Cristo de modo tão íntimo e transformador que a vida dos fiéis se torne uma prova viva do amor redentor de Deus. É uma espiritualidade de profunda contemplação, caracterizada sempre pela tensão a irradiar de maneira significativa o amor redentor de Cristo, sempre presente e ativo no mundo. 4. Segundo Hildegard Magdalen Pleva:“Viva Memória é um processo constante e dinâmico, pelo qual a pessoa é mudada interiormente, gradualmente despojada do falso eu, de modo a revelar o Cristo que nela habita. Conforme a intenção de Deus Pai, este é o Jesus em cuja vida nós fomos chamados a participar em virtude da sua Encarnação como ser humano. A revelação gradual da vida dinâmica de Jesus dentro da alma torna presente em nosso mundo e em nosso tempo a pessoa e as ações de Jesus Cristo. Conforme Maria Celeste, o processo constante e dinâmico de transformação pessoal e espiritual é realizado com a força do Espírito Santo em um ambiente nascido da virtude e da disponibilidade para Deus nos momentos de silêncio e de solidão” (PLEVA, H.M. “Viva Memória”. In: WALES, Sean, BILLY, Dennis. Dicionário de Espiritualidade Redentorista. Goiânia: Scala, 2012, p. 301). 5. Desde os primeiros séculos a Igreja tem reconhecido o valor da vida contemplativa, caracterizada pela busca da união íntima com Deus através da meditação constante e da vida litúrgica centrada na Eucaristia, nos Sacramentos e na Lectio Divina, como também na ascese, na vida de clausura e comunitária, no silêncio, na solidão, na simplicidade e austeridade de vida, no trabalho, na vida de caridade, no estudo constante, na leitura espiritual e no autoconhecimento. Como nos recorda o Papa Francisco na Constituição Apostólica Vultum Dei quaerere, sobre a vida contemplativa feminina, “desde os primeiros séculos até os nossos dias, alternando-se períodos de grande vigor com outros de declínio, a vida contemplativa manteve-se sempre viva na Igreja graças à presença constante do Senhor e à capacidade própria da Igreja de se renovar e adaptar às mudanças da sociedade: aquela, como seu elemento específico e característico, manteve sempre viva a busca do rosto de Deus e o amor incondicional a Cristo” (n. 9). Portanto, devemos reconhecer a importância da Ordem no seio da Igreja, particularmente para a Congregação do Santíssimo Redentor, já que ambas as instituições têm a mesma fonte carismática, o Redentor. 6. Em muitos lugares a Ordem está atravessando um momento difícil por causa do envelhecimento das Monjas e da falta de vocações. Como outras Congregações e Mosteiros, a Ordem também vive um momento de reestruturação mediante as Federações. Faço um apelo a todos os confrades e aos Secretariados para a promoção das vocações, afim de que tornem conhecida a vocação à vida contemplativa, sobretudo na Ordem do Santíssimo Redentor. A vida contemplativa das irmãs ilumina e sustenta espiritualmente o dinamismo da Congregação nas suas várias obras apostólicas. Através da contemplação, as Monjas nos recordam sempre que devemos manter o olhar fixo no

Redentor, razão da nossa vida e ao qual nos consagramos para a sua missão. Em muitas realidades, os confrades assistem os mosteiros ajudando na celebração da Eucaristia, nas confissões, na direção espiritual e na formação. Agradeço a esses confrades que prestam um tal serviço à Ordem! Ainda que haja dificuldades, encorajo as Monjas a tornar conhecida a sua missão, sua espiritualidade e seu estilo de vida através dos diversos meios de comunicação, sobretudo as redes sociais, sem perder a dimensão profunda da contemplação. Não devem esmorecer nem naquelas situações em que a vida comunitária é difícil, o número de irmãs é insuficiente para o seu trabalho cotidiano e as vocações são escassas. Deve-se ouvir a voz do Redentor e, em obediência à sua palavra, lançar as redes nas águas mais profundas deste mundo sem temer o futuro e os transtornos da nossa histíria (cfr. Lc 5,4). 7. Maria, Mãe do Perpétuo Socorro, Santo Afonso e a Bem-aventurada Maria Celeste Crostarosa protejam a Ordem e suscitem novas vocações à vida contemplativa e deem encorajamento e perseverança a todas as Monjas que dedicam sua vida procurando ser um memorial vivo do Redentor neste mundo. Fraternamente em Cristo Redentor,




Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R Superior Geral


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