Na sua hagiografia, no site do Dicastério para as Causas dos Santos, lemos: “A Serva de Deus, desde a juventude, experimentou um forte chamado à santidade e ao matrimênio místico com Cristo, esposo exigente, e andou sempre buscando uma radicalidade na consagração religiosa, propondo uma reforma que concebia a vida das Monjas como uma perfeita imitação da vita de Cristo e a comunidade religiosa como uma viva memória do seu amor redentor para com todos. A Eucaristia, o coração traspassado do Salvador e a devoção à SS. Virgem Maria constituíram o centro permanente da sua espiritualidade. Imersa na oração e na contemplação do mistério de Jesus Redentor, Irmã Maria Celeste afrontou com firmeza não só a cotidiana luta espiritual para tender à perfeição, mas também uma série de obstáculos e de incompreensões que encontrou na sua caminhada”. 1 3. Um dos conceitos caros a Madre Celeste é o de uma comunidade que seja viva memória do amor do Pai em Cristo. Para tanto é preciso que as irmãs se deixem transformar pelo Espírito em retrato vivo do Redentor. Essa profunda experiência e íntima comunhão, vividas no nível pessoal, permitem à comunidade ser um testemunho irradiante de esperança para toda a Igreja, particularmente para aqueles que delas estão privados. A espiritualidade de Madre Celeste procura viver a comunhão com Cristo de modo tão íntimo e transformador que a vida dos fiéis se torne uma prova viva do amor redentor de Deus. É uma espiritualidade de profunda contemplação, caracterizada sempre pela tensão a irradiar de maneira significativa o amor redentor de Cristo, sempre presente e ativo no mundo. 4. Segundo Hildegard Magdalen Pleva:“Viva Memória é um processo constante e dinâmico, pelo qual a pessoa é mudada interiormente, gradualmente despojada do falso eu, de modo a revelar o Cristo que nela habita. Conforme a intenção de Deus Pai, este é o Jesus em cuja vida nós fomos chamados a participar em virtude da sua Encarnação como ser humano. A revelação gradual da vida dinâmica de Jesus dentro da alma torna presente em nosso mundo e em nosso tempo a pessoa e as ações de Jesus Cristo. Conforme Maria Celeste, o processo constante e dinâmico de transformação pessoal e espiritual é realizado com a força do Espírito Santo em um ambiente nascido da virtude e da disponibilidade para Deus nos momentos de silêncio e de solidão” (PLEVA, H.M. “Viva Memória”. In: WALES, Sean, BILLY, Dennis. Dicionário de Espiritualidade Redentorista. Goiânia: Scala, 2012, p. 301). 5. Desde os primeiros séculos a Igreja tem reconhecido o valor da vida contemplativa, caracterizada pela busca da união íntima com Deus através da meditação constante e da vida litúrgica centrada na Eucaristia, nos Sacramentos e na Lectio Divina, como também na ascese, na vida de clausura e comunitária, no silêncio, na solidão, na simplicidade e austeridade de vida, no trabalho, na vida de caridade, no estudo constante, na leitura espiritual e no autoconhecimento. Como nos recorda o Papa Francisco na Constituição Apostólica Vultum Dei quaerere, sobre a vida contemplativa feminina, “desde os primeiros séculos até os nossos dias, alternando-se períodos de grande vigor com outros de declínio, a vida contemplativa manteve-se sempre viva na Igreja graças à presença constante do Senhor e à capacidade própria da Igreja de se renovar e adaptar às mudanças da sociedade: aquela, como seu elemento específico e característico, manteve sempre viva a busca do rosto de Deus e o amor incondicional a Cristo” (n. 9). Portanto, devemos reconhecer a importância da Ordem no seio da Igreja, particularmente para a Congregação do Santíssimo Redentor, já que ambas as instituições têm a mesma fonte carismática, o Redentor. 6. Em muitos lugares a Ordem está atravessando um momento difícil por causa do envelhecimento das Monjas e da falta de vocações. Como outras Congregações e Mosteiros, a Ordem também vive um momento de reestruturação mediante as Federações. Faço um apelo a todos os confrades e aos Secretariados para a promoção das vocações, afim de que tornem conhecida a vocação à vida contemplativa, sobretudo na Ordem do Santíssimo Redentor. A vida contemplativa das irmãs ilumina e sustenta espiritualmente o dinamismo da Congregação nas suas várias obras apostólicas. Através da contemplação, as Monjas nos recordam sempre que devemos manter o olhar fixo no
Redentor, razão da nossa vida e ao qual nos consagramos para a sua missão. Em muitas realidades, os confrades assistem os mosteiros ajudando na celebração da Eucaristia, nas confissões, na direção espiritual e na formação. Agradeço a esses confrades que prestam um tal serviço à Ordem! Ainda que haja dificuldades, encorajo as Monjas a tornar conhecida a sua missão, sua espiritualidade e seu estilo de vida através dos diversos meios de comunicação, sobretudo as redes sociais, sem perder a dimensão profunda da contemplação. Não devem esmorecer nem naquelas situações em que a vida comunitária é difícil, o número de irmãs é insuficiente para o seu trabalho cotidiano e as vocações são escassas. Deve-se ouvir a voz do Redentor e, em obediência à sua palavra, lançar as redes nas águas mais profundas deste mundo sem temer o futuro e os transtornos da nossa histíria (cfr. Lc 5,4). 7. Maria, Mãe do Perpétuo Socorro, Santo Afonso e a Bem-aventurada Maria Celeste Crostarosa protejam a Ordem e suscitem novas vocações à vida contemplativa e deem encorajamento e perseverança a todas as Monjas que dedicam sua vida procurando ser um memorial vivo do Redentor neste mundo. Fraternamente em Cristo Redentor,
Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R Superior Geral