Iluminados
pelo Sol divino
Na
Espiritualidade de Maria Celeste Crostarosa é particularmente cara a simbologia
do sol. Ela, que nascida em Nápoles contempla o sol que inunda sua terra natal
de uma luminosidade que “doura tudo”, compreende que este mesmo sol é uma
alusão a imagem de Cristo Redentor que a ensina e conduz, e do qual ela está em
perfeita “simbiose” de fé, amor e comunhão. Nos seus escritos, Maria Celeste
deixa transparecer e se envolver pelo encantamento e delicadeza deste Sol, que
inunda todo o seu ser.
O
Sol que é Cristo envolve de luz e sentido a nossa história, pois pelo mistério
de sua encarnação, a nossa humanidade é plenificada e divinizada, e, portanto,
porta aberta para se chegar a Deus. Ignorar a humanidade de Deus em Jesus
Cristo é ignorar a comunicação de amor que se estabelece entre o Cristo, Verbo
do Pai e o ser humano, revestindo-o de todas as graças e virtudes.
Sob
o Sol do Amor que é Cristo, Maria Celeste fundamenta a sua espiritualidade. Em
seus escritos, ela assim descreve esta intuição mística: “Este sol que você vê
no mundo visível, foi criado como símbolo do Sol divino que, por sua divindade,
ilumina o íntimo da alma. Esses são os efeitos que produz minha divina presença
nas almas que criei. Você agora, a partir desse sol material que brilha todos
os dias, você admirará minhas divinas perfeições”[1].
Como o Filho é imagem do Pai, e nós somos a imagem do Filho, através do Verbo,
o Pai nos comunica sua graça e nos faz participantes de sua divindade, isto é,
imprime em nós o seu SER para sermos vivas memórias do Redentor.
Diante
deste Sol divino que é o Cristo, não temos outra coisa a fazer senão deixar ser
transformado por Ele. Se expor diante de sua luminosidade para ser purificado
pelo seu amor: “De teu divino Ser desprende-se um amor doce e flamejante. À luz
dessa chama que, de teu coração, passa para o meu, eu compreendo coisas
maravilhosas”[2].
Para
Maria Celeste, Cristo é uma “presença continuamente experimentada”[3].
Ela vive desta presença sempre experimentada, e deixa-se impregnar pelo jeito
de agir e ser de Cristo, que cada vez mais ela passa tornar-se sua viva memória
no mundo. Essa presença é particularmente experimentada no momento da
eucaristia: “Depois da santa comunhão, minha alma entrou em ti; mas como já
havias entrado em meu coração, eu mesma me perdi, enquanto me revelavas uma
grandeza infinita... Fez-se no intimo de minha alma um clarão, através do qual
eu contemplei o Sol eterno...”[4] É
através da Eucaristia que Cristo se faz mistério luminoso para aquele que crê,
e assim, toda a sua vida é divinizada e purificada por Ele, a ponto de dizer como
São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim” Gl 2,
20.
Ao expressar a sua intimidade para com Jesus presente na eucaristia, Celeste
dirá que Jesus inventou a eucaristia para nos transformar n’Ele.
A
proposta espiritual de Maria Celeste é um convite a todo cristão para
redescobrir na Eucaristia Aquele que é o Sol divino da nossa existência, que
nos comunica sua vida e quer ser próximo de cada um de nós, e deseja a nossa
transformação para que desta forma, nós continuemos a sua obra de redenção no
mundo. Cabe a cada um de nós se expor a luminosidade do Cristo, para acolhermos
a graça que nos converte e imprime em nós o selo do amor do Pai e os mesmos
sentimentos do Filho.
Rodrigo Costa Silva,
Noviço Redentorista,
Graduado em Filosofia/UFJF
[1] SÉGALEN, Jean-Marie. Orar 15
dias com Maria Celeste Crostarosa: uma mística da Eucaristia do Século XVIII.
Aparecida/SP: Editora Santuário, 2008, p. 34.
[2] Idem, p. 35.
[3] CAPONE, Domenico; LAGE, Emílio;
MAJORANO, Sabatino. Maria Celeste e sua espiritualidade. [tradução Ivo
Montanhese]. Aparecida/SP: Editora Santuário, 1999, p. 19.
[4] SÉGALEN, Jean-Marie. Orar 15 dias
com Maria Celeste Crostarosa: uma mística da Eucaristia do Século XVIII.
Aparecida/SP: Editora Santuário, 2008, p. 35.
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