Hoje, durante
a santa comunhão, tu me instruíste, ó meu Bem-amado... Num olhar luminoso,
fixo, mas momentâneo, como num piscar de olhos, eu vi tua bela e querida Mãe,
Maria (NN, Neuvième jour)
𝕿𝖚𝖆 𝖇𝖊𝖑𝖆 𝖊 𝖖𝖚𝖊𝖗𝖎𝖉𝖆 𝕸ã𝖊, 𝕸𝖆𝖗𝖎𝖆…Maria Celeste ama a Mãe de Jesus. Ela
leu e meditou, em Lucas, o evangelho da infância. E também o Evangelho de João,
no qual a Mãe de Jesus aparece especialmente em dois momentos-chave da vida de
seu Filho: em Caná e no Gólgota.
Maria
Celeste leu ainda o “Glória de Maria”, de seu amigo Afonso, livro que conheceu
a maior tiragem entre todas as obras marianas de todos os tempos: mais de mil
edições, em várias línguas! No magnífico comentário da “Salve- Rainha”, Afonso
traz no capítulo “Salvação e Esperança nossa” orações que têm em comum com
Maria Celeste muitos sentimentos, afeições e particularidades. Provavelmente,
ela se inspira nesse livro quando escreve:
Esta Mae de
amor foi em tudo semelhante a seu Filho, na pureza, na humildade, na
uniformidade à vontade divina. Ela foi um Vaso de Ouro puríssimo de divina caridade.
Não houve sequer um momento, uma hora ou pulsar de seu belíssimo coração, que
não tenham sido ordenados para Deus, que não tenham sido em Deus ou de Deus. E
Deus a deu como Mãe, como Mestra, como Exemplo, como Modelo (Meditation pour l’
advent, 36)
O
que é incontestável é a presença de Maria em grande parte dos escritos de Maria
Celeste. Bem antes do texto “Marialis cultus”, de Paulo VI, em 1974 ela
descobre no Advento um tempo mariano por excelência. Em seu livro Méditations
de l’Advent et Noel, mais de cinquenta meditações são consagradas a Maria, como
atesta esta passagem:
Sim, minha Soberana,
vós entrais no jardim divino de Deus Pai, em seu Verbo feito homem, para
traçar, nesse santo Jardim, uma cópia viva do divino Modelo... Vós sois bem, minha Soberana, a autêntica
imagem do Modelo, um verdadeiro retrato de Jesus.
Ó minha Mãe,
vós sois um cristal puro e brilhante, que esparge mil raios... Nesse jardim de
Deus, vós sois a convidada e, graça a vós, nós o somos também; nós os vossos
amigos, isto é, todos aqueles e todas aquelas que convosco entram no jardim da
Santa Humanidade e que querem imitar a vida e as virtudes de Jesus, tornand-se
assim cópias autênticas dele...
Ó Maria, Jesus
quer que lhe sejamos semelhantes, mas só vós lhe fostes verdadeira cópia, na
qual Jesus-Menino, Homem-Deus, pôde contemplar-se e comprazer-se.
Ó Mãe do Belo
Amor, eu recorro a vós. Fazei-me entrar nesse belo jardim, onde o Pai encontra
suas delícias em Jesus, seu Filho. Concedei-me reproduzir em mim sua perfeita
imagem...
Esta é uma
oração para obter a perfeita imitação de Jesus Cristo (F-M, n. 11 Exercice
d’amour pour chaque jour, 30 décembre)
Essa
devoção mariana de Maria Celeste tem suas raízes na devoção do povo cristão à
Mãe de Deus. Cada manhã, do mais profundo de seu coração, eleva-se esta prece,
que ela mesma havia composto para sua “bela
e querida Mãe, Maria”:
Virgem
santíssima, Mãe de Deus e minha mãe, tu és, depois de Jesus, toda a minha
esperança. Tu és meu amor, minha consolação: a ti recorro. Minha Soberana
Bem-amada, em teus braços tão doces quero viver e morrer. Por isso, renovo
minha veneração beijando três vezes a terra, pedindo que sejas meu socorro,
minha defesa, meu conforto neste santo dia, e que me coloques como tua devotada
filha debaixo de teu manto virginal. Beijo tuas santíssimas mãos e te suplico
me abençoares na adorável Trindade (Favre, op. Cit. P. 351)
Além
disso, sua Mãe Maria está muito presente na fundação do novo Instituto, para a
qual trabalha Maria Celeste. Um dia, no verão de 1731, na hora da eucaristia,
em uma luz interior ela vê a Mãe de Jesus. A isso se refere numa carta a seu
amigo Afonso:
Certa manhã,
após a comunhão, durante esse repouso de amor em meu Jesus, obtive uma luz
interior e vi Mamãe Maria... Meu divino Esposo, Jesus, doou a sua queridíssima
Mãe todas as almas deste Instituto, a elas se referindo como suas filhas de
predileção; e ela, por sua vez, aceitou-as com grande amor.... (R, p. 253).
Eis
porque, quando Maria Celeste redige a Regra para as Monjas de seu Instituto,
realça a importância da devoção mariana:
Nós nos
lembramos também que Maria esteve intimamente ligada ao mistério da redenção.
Ela á Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe. Primeira crente, primeira
resgatada, modelo de docilidade ao plano de Deus. Amaremos contemplar as
maravilhas realizadas pelo Senhor, em Maria, e nos esforçaremos em ter uma
piedade mariana cada vez mais verdadeira e profunda (Constitutios et statuts,
ch. I 8).
E nós, hoje?
Será
que Maria tem um lugar em nossa oração? Um lugar privilegiado?
Quando
pedimos a ela que rogue por nós, será que não nos esquecemos muitas vezes que
ela é antes de tudo uma mãe: a mãe de Jesus, a mãe da Igreja e também nossa
mãe? Pelo fato de a vermos, em nossas igrejas, vestida como princesa, coroada
como rainha, será que não corremos o risco de esquecer que ela é antes uma
mulher, uma verdadeira mulher da terra?
Se
a encontrássemos pelas vielas de Nazaré, no dia da Anunciação, nada a
distinguiria das demais jovens de seu tempo. Nada, senão um olhar
maravilhosamente claro e puro. Nada, senão uma amizade maravilhosamente aberta
e acolhedora de todos. Nada, senão uma felicidade maravilhosamente jovial e
prestes a explodir nas palavras do Magnificat. Nada, senão uma vontade
maravilhosamente firme, livre e responsável.
Pois
Maria é mulher que, depois de Jesus, disse a Deus Pai o “sim” mais verdadeiro,
mais fiel, mais perfeito de toda a história da humanidade. Pois seu “sim” não
foi um “sim” de um momento de êxtase, mas o “sim” de toda uma vida.
Com
Maria Celeste, peçamos a Maria que interceda por nós a fim de que nosso “sim”
ao chamado do Senhor seja verdadeiro hoje e fiel sempre.
Oremos com Maria Celeste
Mãe do Amor,
eu recorro a vós,
a fim de
que, por vossa intercessão,
a viva
imagem de Jesus seja bem gravada
em mim,
para que
assim meu Pai do céu
me olhe com
o mesmo amor infinito
com o qual
ele olha em si mesmo
seu divino
Filho bem-amado,
e com o qual
ele nos ama,
a nós que
levamos a marca de sua humanidade
(F-M, n. 12, Exercice d’ amour pour chaque
jour, 31 décembre)
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