sexta-feira, 27 de julho de 2018

Tua Bela e Querida Mãe, Maria...





 Hoje, durante a santa comunhão, tu me instruíste, ó meu Bem-amado... Num olhar luminoso, fixo, mas momentâneo, como num piscar de olhos, eu vi tua bela e querida Mãe, Maria (NN, Neuvième jour)



𝕿𝖚𝖆 𝖇𝖊𝖑𝖆 𝖊 𝖖𝖚𝖊𝖗𝖎𝖉𝖆 𝕸ã𝖊, 𝕸𝖆𝖗𝖎𝖆…Maria Celeste ama a Mãe de Jesus. Ela leu e meditou, em Lucas, o evangelho da infância. E também o Evangelho de João, no qual a Mãe de Jesus aparece especialmente em dois momentos-chave da vida de seu Filho: em Caná e no Gólgota.
Maria Celeste leu ainda o “Glória de Maria”, de seu amigo Afonso, livro que conheceu a maior tiragem entre todas as obras marianas de todos os tempos: mais de mil edições, em várias línguas! No magnífico comentário da “Salve- Rainha”, Afonso traz no capítulo “Salvação e Esperança nossa” orações que têm em comum com Maria Celeste muitos sentimentos, afeições e particularidades. Provavelmente, ela se inspira nesse livro quando escreve:

Esta Mae de amor foi em tudo semelhante a seu Filho, na pureza, na humildade, na uniformidade à vontade divina. Ela foi um Vaso de Ouro puríssimo de divina caridade. Não houve sequer um momento, uma hora ou pulsar de seu belíssimo coração, que não tenham sido ordenados para Deus, que não tenham sido em Deus ou de Deus. E Deus a deu como Mãe, como Mestra, como Exemplo, como Modelo (Meditation pour l’ advent, 36)

O que é incontestável é a presença de Maria em grande parte dos escritos de Maria Celeste. Bem antes do texto “Marialis cultus”, de Paulo VI, em 1974 ela descobre no Advento um tempo mariano por excelência. Em seu livro Méditations de l’Advent et Noel, mais de cinquenta meditações são consagradas a Maria, como atesta esta passagem:

Sim, minha Soberana, vós entrais no jardim divino de Deus Pai, em seu Verbo feito homem, para traçar, nesse santo Jardim, uma cópia viva do divino Modelo...  Vós sois bem, minha Soberana, a autêntica imagem do Modelo, um verdadeiro retrato de Jesus.
Ó minha Mãe, vós sois um cristal puro e brilhante, que esparge mil raios... Nesse jardim de Deus, vós sois a convidada e, graça a vós, nós o somos também; nós os vossos amigos, isto é, todos aqueles e todas aquelas que convosco entram no jardim da Santa Humanidade e que querem imitar a vida e as virtudes de Jesus, tornand-se assim cópias autênticas dele...
Ó Maria, Jesus quer que lhe sejamos semelhantes, mas só vós lhe fostes verdadeira cópia, na qual Jesus-Menino, Homem-Deus, pôde contemplar-se e comprazer-se.
Ó Mãe do Belo Amor, eu recorro a vós. Fazei-me entrar nesse belo jardim, onde o Pai encontra suas delícias em Jesus, seu Filho. Concedei-me reproduzir em mim sua perfeita imagem...
Esta é uma oração para obter a perfeita imitação de Jesus Cristo (F-M, n. 11 Exercice d’amour pour chaque jour, 30 décembre)

Essa devoção mariana de Maria Celeste tem suas raízes na devoção do povo cristão à Mãe de Deus. Cada manhã, do mais profundo de seu coração, eleva-se esta prece, que ela mesma havia composto para sua “bela e querida Mãe, Maria”:

Virgem santíssima, Mãe de Deus e minha mãe, tu és, depois de Jesus, toda a minha esperança. Tu és meu amor, minha consolação: a ti recorro. Minha Soberana Bem-amada, em teus braços tão doces quero viver e morrer. Por isso, renovo minha veneração beijando três vezes a terra, pedindo que sejas meu socorro, minha defesa, meu conforto neste santo dia, e que me coloques como tua devotada filha debaixo de teu manto virginal. Beijo tuas santíssimas mãos e te suplico me abençoares na adorável Trindade (Favre, op. Cit. P. 351)

Além disso, sua Mãe Maria está muito presente na fundação do novo Instituto, para a qual trabalha Maria Celeste. Um dia, no verão de 1731, na hora da eucaristia, em uma luz interior ela vê a Mãe de Jesus. A isso se refere numa carta a seu amigo Afonso:

Certa manhã, após a comunhão, durante esse repouso de amor em meu Jesus, obtive uma luz interior e vi Mamãe Maria... Meu divino Esposo, Jesus, doou a sua queridíssima Mãe todas as almas deste Instituto, a elas se referindo como suas filhas de predileção; e ela, por sua vez, aceitou-as com grande amor.... (R, p. 253).

Eis porque, quando Maria Celeste redige a Regra para as Monjas de seu Instituto, realça a importância da devoção mariana:

Nós nos lembramos também que Maria esteve intimamente ligada ao mistério da redenção. Ela á Mãe de Deus, Mãe da Igreja e nossa Mãe. Primeira crente, primeira resgatada, modelo de docilidade ao plano de Deus. Amaremos contemplar as maravilhas realizadas pelo Senhor, em Maria, e nos esforçaremos em ter uma piedade mariana cada vez mais verdadeira e profunda (Constitutios et statuts, ch. I 8).

E nós, hoje?

Será que Maria tem um lugar em nossa oração? Um lugar privilegiado?
Quando pedimos a ela que rogue por nós, será que não nos esquecemos muitas vezes que ela é antes de tudo uma mãe: a mãe de Jesus, a mãe da Igreja e também nossa mãe? Pelo fato de a vermos, em nossas igrejas, vestida como princesa, coroada como rainha, será que não corremos o risco de esquecer que ela é antes uma mulher, uma verdadeira mulher da terra?
Se a encontrássemos pelas vielas de Nazaré, no dia da Anunciação, nada a distinguiria das demais jovens de seu tempo. Nada, senão um olhar maravilhosamente claro e puro. Nada, senão uma amizade maravilhosamente aberta e acolhedora de todos. Nada, senão uma felicidade maravilhosamente jovial e prestes a explodir nas palavras do Magnificat. Nada, senão uma vontade maravilhosamente firme, livre e responsável.
Pois Maria é mulher que, depois de Jesus, disse a Deus Pai o “sim” mais verdadeiro, mais fiel, mais perfeito de toda a história da humanidade. Pois seu “sim” não foi um “sim” de um momento de êxtase, mas o “sim” de toda uma vida.
Com Maria Celeste, peçamos a Maria que interceda por nós a fim de que nosso “sim” ao chamado do Senhor seja verdadeiro hoje e fiel sempre.

Oremos com Maria Celeste


Mãe do Amor, eu recorro a vós,
a fim de que, por vossa intercessão,
a viva imagem de Jesus seja bem gravada
em mim,
para que assim meu Pai do céu
me olhe com o mesmo amor infinito
com o qual ele olha em si mesmo
seu divino Filho bem-amado,
e com o qual ele nos ama,
a nós que levamos a marca de sua humanidade
 (F-M, n. 12, Exercice d’ amour pour chaque jour, 31 décembre)

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