Certo
dia, um jovem piedoso perguntou ao Senhor: “Mestre, que devo fazer de bom para
ter a vida eterna?”, e o Senhor respondeu: “Porque me perguntas a respeito do
que se deve fazer de bom? Só Deus é bom. Se queres entrar na vida, observa os
mandamentos”. O rapaz perguntou a Jesus: “Quais”? E o Senhor respondeu: “Não
matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho,
honra teu pai e tua mãe, amarás teu próximo como a ti mesmo”. O jovem
respondeu: “Tenho observado tudo isso desde a minha infância. Que me falta
ainda?” O Senhor disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende
teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”
(S. Mt 19,16-21). Sabemos que o jovem aspirando um caminho sublime de
verdadeira felicidade, foi-se triste, pois possuía muitos bens...
Alma cristã, talvez já devas ter se
perguntado o que fazer para ser feliz. Queres realmente ser feliz? Teu
Senhor já indicou o caminho. Não poderás ser feliz satisfazendo-se no mundo, se
pudesse, Ele mesmo teria indicado, mas antes disse que quem quisesse O seguir –
Ele: “o caminho, a verdade e a vida” (S. Jo 14,6) – precisaria renegar-se a si
mesmo, tomar a cruz de cada dia e O seguir, “porque, quem quiser salvar a sua
vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á” (S.
Lc 9,23).
Santo Agostinho[1] e
tantos outros Santos confirmam que a alegria só pode ser encontrada dentro de
si, onde habita o Senhor. Só se é plenamente feliz quando se realiza a vontade
de Deus, quando se escolhe o que Ele quer e desprendido de toda vontade humana,
opta-se por aquilo que agrada a Deus, amando-O. E como se ama a Deus? Jesus o
responde: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama.
E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a
ele” (S. Jo 14,21). Ama-se também obedecendo aos conselhos que Deus dá na vida
cotidiana, como parece dizer a Beata Maria Celeste. Esta aconselha, alma
cristã, a caminhar “na escada da fé e seguir
Cristo, o Único que atingiu a união perfeita com o Pai, por uma via tão comum
quanto a tua, porém mais dolorosa” (CALVER, Joan. Em Memória de Mim: Jesus Redentor na espiritualidade de Maria
Celeste Crostarosa, 1987, p. 41).
Fazer a vontade divina pressupõe-se a
deixar-se guiar por Deus, tendo apenas como luzeiro a FÉ. Assim diz a Beata
redentorista: “Começando pela fé, como o primeiro e menor degrau da escada
mística, ele se tornará o caminho que conduz ao alto. À medida que se eleva,
ele oferece à alma um caminho confiável para a união com Deus” (CALVER, Joan.
1987, p. 52).
Alma cristã, se acreditas em Deus e em
seus desígnios, permitas ser conduzida aonde Ele desejar te levar, não receeis
passar por momentos de escuridão e de deserto interior, pois assim diz o
Senhor: “Por isso a atrairei, conduzi-la-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao
coração” (Os 2,16). Se o teu Senhor lhe chamar a uma entrega mais profunda no
mundo ou mesmo se Ele te exigir uma autenticidade na sua vida cotidiana, não
temas em corresponder! Tens o exemplo dos Santos e de tantos outros filhos de
Deus que somente Ele conhece o nome... Tens a vida da Beata Maria Celeste, que
como os outros amantes do Senhor, receberam o cêntuplo por ter seguido o
caminho que Deus indicou (S. Mt 19,29).
A Beata assim ensina: “Quem subirá a
montanha do Senhor (Sl 23[24], 3). Todo aquele que desejar subir o primeiro
degrau da escada mística, a fé,
agarrando-se aos suportes da ‘esperança’ e da ‘entrega de si’.” (CALVER, Joan.
1987, p. 51). Queres subir ao monte divino, Alma cristã? Acredite no que o
Senhor lhe inspira e fala por meio de teus sacerdotes. Tens dúvida para qual
caminho seguir? Peça auxílio ao teu Senhor e a tua Mãe Santíssima e creia que
“tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (S. Mt 21,22). Mas
lembre-se que “a fé sem obras é morta” (S. Tg 2,26). Precisarás de ter uma
“determinada determinação” como ensina Santa Teresa de Jesus, carmelita
descalça, para fazer aquilo que teu Senhor o indica.
Filho e filha de Deus, não reduzas a
tua existência ao que é terreno e efêmera, olhai para sua vida CELESTE e tenha
a resolução de tomar partido por Deus, teu Senhor e teu único Tesouro.
Júlia Maria de Jesus.
[1] Cf. AGOSTINHO, Santo. Confissões, cap. 10: “[...] Tarde te
amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te amei!
Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava, disforme
e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas comigo, e
eu não estava Contigo… Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam
senão em Ti. Chamaste, clamaste por mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste,
resplandeceste, e a Tua Luz afugentou minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e,
respirando-o, suspirei por Ti, Te desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora,
tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz”.
Referências:
AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Paulus Editora, 1984.
Bíblia Sagrada. 133 ed. Editora: Ave Maria, 2000.
CALVER, Joan. Em Memória de Mim: Jesus Redentor na espiritualidade de Maria Celeste Crostarosa, 1987. 63 p. Link disponível em: https://drive.google.com/drive/ folders/1dFnh0H JuvsfAcDcS OnM_iJFGVE48aAKj?ogsrc=32.
JESUS, Santa Teresa de. Livro da vida. São Paulo: Paulus Editora, 1983.
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