Contemplar meu Sol Divino...
Como poderia eu contemplar meu sol
divino, que em ti se encerra, sem primeiro admirar o esplendor do cristalino
invólucro através do qual nos é o lugar onde o Pai o colocou para o mundo (S,
p. 24, Neuvième Dialogue).
Maria Celeste viveu em Nápoles. Ela
admirou o sol de Nápoles, que tudo transforma em ouro. Sua comparação de Cristo
com o Sol ajuda-a a expressar o que sente durante a oração, sobretudo na hora
da comunhão. Em outras palavras, a criação, ou, mais exatamente, Deus presente
na criação, que ela admira, ajuda-a a descobrir o verdadeiro rosto de Deus.
Esse Deus Pai que é amor, que não é senão amor, e que, por seu filho Jesus,
Deus feito homem, nos comunica o Espírito Santo, para possibilitar que
participemos de sua vida divina. Essa intuição mística o próprio Senhor a havia
chamado a experimentar desde a infância, como a ajuda da seguinte imagem:
Meu coração por tantos favores,
sobretudo este de me ver não só em tua companhia, mas de te sentir vivo morando
no íntimo de meu ser (ES, dixième jour).
Durante
toda a vida, Maria Celeste contemplará maravilhada a luz do mundo, seu Sol que
na hora da comunhão, está dentro de seu coração:
Ah!
Meu senhor, eu contemplo teu corpo sagrado e glorificado! Ele é mil vezes mais
belo que um sol de puríssimo cristal. Como poderia eu chegar à comparação dessa
pureza? Faze-a tu, que podes, pois eu
não poderia jamais, malgrado todos os meus esforços (NN, Troisième jour).
E
nós, hoje?
Para
bem rezar, como Maria Celeste, é preciso gastar tempo em admirar. Admirar Deus,
admirar sua obra, admirar seu amor. Muitas vezes, corremos o risco, como certos
jornalistas da imprensa, do rádio ou da televisão, de fixar o olhar só sobre
aquilo que está em nós e ao nosso redor, esquecendo de ver o melhor.
Compreendemos
que o Senhor projeta sobre nossa vida e sobre a vida do mundo uma luz a nehuma
outra comparável? Ele nos chama a ver como ele, isto é, a ver primeiro o que há
de belo e de melhor no mundo, o que há de belo e de melhor em cada um de nós.
Então?
Oremos
com Maria Celeste
Ó meu soberano Rei (Jesus),
Deixa-me, para minha consolação, dizer-te
Qualquer coisa
Daquilo que tu és.
Eu te vejo como o Sol eterno,
Vestido por teu Pai, o artista supremo e infinitamente sábio,
Que, desejando iluminar o mundo em suas trevas,
Fez para a tua divindade
Uma veste de luminoso e transparente cristal:
Tua santa humanidade,
Através da qual deviam revelar-se os esplendores divinos,
As riquezas e os tesouros infinitos,
Seu Verbo.
O Pai colocou no mundo esse Sol assim revestido para que a luz
De todos os homens,
Como diz o evangelista São João.
Por isso, como no céu, tu és a Luz da eterna glória,
Assim resplandeças na terra
Como o Sol de justiça, entre os homens pecadores,
Para livrá-los das trevas do pecado,
E, entre os justos,
Para ser o amante que atrai seus corações...
(L, Solilóquio Diálogo)
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