Apresentamos a meditação do terceiro dia da espiritualidade Crostarosiana, nesse dia observaremos um pouco sobre o seu Sol Divino. #Acesse, #compartilhe e #divulgue!
Contemple-Me...
Contemple-me, ame e viva
de amor,
Não segundo a carne, mas
segundo o
Espírito; não segundo os
sentidos,
mas de maneira divina (E, L’ an 1732)
Contemple-me... É o chamado de Jesus à
contemplação. Maria Celeste não hesita em responder “sim”. E Jesus insiste:
Contemple-me
com os dois olhos, fixe-os sobre o meu supremo e eterno Bem, sem lhar para as
coisas passageiras e terrenas, e menos ainda para os impulsos que vêm de seus
instintos inferiores (L, Solilóquio Diálogo).
Constantemente o Senhor lembra Maria
Celeste sobre esse olhar de contemplação. Ela está bem consciente disso: “A
primeira lição que me dás é a de ter o olhar sem cessar fixado em teu divino
Ser”(L, sexto Diálogo). E ela tem sempre presente este apelo do Senhor: “contemple-me
sempre com o olhar de sua inteligência, mesmo nas menores coisas” (L, oitavo
Diálogo).
Por que é tão frequente esse apelo,
senão porque “contemple-me” é um apelo de amor? Não há verdadeiro amor sem
contemplação. A mãe que ama seu filho contempla-o, e, nessa contemplação, o
filho descobre que é amado. Assim, também nós diante de Deus. É o que Jesus diz
repetidas vezes a Maria Celeste:
Aja de tal forma que, por uma aspiração
de amor, sua alma tenha sempre o olhar fixado em mim, e que todas as suas
ações, espirituais, temporais ou sentimentais, reduzam-se a um só ato de amor e
de reta intenção, tendo a mim como único objeto (L, Oitavo Diálogo).
Jesus ainda revela a Maria Celeste que,
enquanto ela contempla Deus e é por ele contemplada, essa mútua contemplação
tem como única fonte o amor que vem de Deus:
Bem-amada
de meu Coração..., observe: meus olhos estão agora fixos em você, para que você
me contemple com meu próprio olhar (NN, quatrième jour).
Essa contemplação ilumina e transforma
Maria Celeste. Ela descobre o segredo maravilhoso dessa troca de olhares: a
humanidade e a divindade de Cristo, Verbo feito carne, Deus feito homem. E
depois desse apelo à contemplação, ela ouve do Senhor o apelo a uma vida de
amor, com Deus e com o próximo:
Ela vive na força do amor e na chama do
Espírito Santo que, como um fogo, se ergue da alma assim inflamada, com
violência e ao mesmo tempo com suavidade, transformando em vivo fogo de amor
toda alma disposta a recebê-lo... Assim, para a alma nesse estado, tudo é zelo
ardente e chama de amor; ela fala sempre do amor, estima o amor, quer o amor,
sente o amor, ama o amor, pensa no amor, deseja o amor, vive por amor, no amor
compreende e deseja viver por toda a eternidade. Ó amor inefável e divino,
centro e vida dos corações! (L, Degrau Décimo).
Esse texto de Maria Celeste é claramente
inspirado em São Paulo: “Se eu não tenho a caridade, se me falta o amor, não
sou senão um bronze que soa, um tímpano que retine. Seria inútil ser profeta,
ter toda a ciência dos mistérios e toda a sabedoria de Deus e toda a fé a ponto
de transportar montanhas, pois se me falta o amor, eu nada seria; poderia
distribuir toda minha fortuna e me deixar queimar, mas se não tiver caridade,
isso de nada me serve...”(1Cori 13, 1-3).
Para Maria Celeste, como para Paulo,
Deus é amor, Deus não é senão amor. Amor humilde e incandescente. Ela está
convencida disso, e o Senhor a convida a viver desse amor. Isso é mais
importante, garante-lhe Jesus, que todos os dons extraordinários com os quais
algumas almas podem ter sido favorecidas:
Eu estimo mais em uma alma um grama de
amor puro que todas as graças extraordinárias com que possa estar ornada.
Aprecio, sem dúvida, esses favores, como riquezas minhas nas almas que os
possuem e nas quais eu os depositei, mas exijo que, na qualidade de depositárias,
elas os guardem com extrema fidelidade.
Aquelas, porém, às quais não concedi
essas riquezas e graças, mas que me amam de coração, proporcionam-me grande
glória. Por sua humildade e menosprezo
de si mesmas, elas me glorificam com grande pureza de amor. Alegra-me
imensamente nelas viver escondido.
No céu, as almas serão glorificadas na
medida de seu amor e não de seus dons! (L, Primeiro Diálogo).
Esse olhar amoroso pouco a pouco se
transforma em oração silenciosa. Oração por ela mesma e por todo o mundo:
Em
um único olhar de amor, a alma expõe não só suas próprias mazelas, mas também
as misérias do próximo, bem como todas as graças que deseja. Ela está diante de
seu Bem-Amado e, por um só olhar de amor, apresenta-lhe todas as suas
necessidades. Seus olhos não se alegram apenas pela felicidade de contemplar
seu Bem-Amado, mas por ser substancial, amigável e misericordiosamente por ele
contemplada (L, Degrau Segundo).
Maria Celeste faz a experiência desse
olhar de amor do Verbo encarnado, principalmente na hora da eucaristia:
Na
santa comunhão (o Verbo encarnado), revela-se lançando-lhe um olhar de amor a
partir da santa hóstia, um olhar da santa Humanidade unida... ao Verbo. Esse
olhar seria suficiente para fazer morrer de amor ou de dor, se o Senhor não
reconfortasse e fortalecesse a alma que recebe essa graça. Foi esse olhar fixo
em São Pedro, depois que ele traiu o Mestre, que bastou para fazê-lo chorar seu
pecado pelo resto da vida, com infinita dor, pois feriu de tal forma seu
coração que essa ferida de amor jamais cicatrzou, mesmo sabendo ele que seu
querido Mestre lhe havia perdoado (L, Degrau Oitavo).
Maria Celeste viveu de olhos abertos.
Abertos para Jesus, que a mira com amor; abertos para o mundo, que é visto com
amor pelo mesmo Jesus Salvador.
E nós, hoje?
Será que, antes de toda oração, nós
gastamos tempo em nos deixar olhar, em silêncio, pelo Senhor? Em acolher, com
humildade e com calma, esse olhar pousado sobre nós? E, depois, em responder a
esse olhar de amor com outro sincero olhar de amor? Compreendemos que esse
olhar de amor é uma oração das mais perfeitas?
Estamos decididos a manifestar esse amor
com atos concretos de caridade para com o próximo, ao correr de todo o nosso
dia, uma vez que, como disse Jesus, “tudo o que fazeis a um desses pequeninos,
que são meus irmãos, é a mim que o fazeis?”(Mt 25, 40).
Como diz São João: “Nisto consiste o
amor: não fomos nós que amamos a Deus, foi ele que nos amou... E nós, nos
reconhecemos e cremos que o amor de Deus está entre nós. Deus é amor”(1 Jo 4,
10-16), compreendemos, por fim, que todo amor vem de Deus? Em outras palavras,
compreendemos que Deus é a fonte de todo amor? Do amor que temos por ele, do
amor que temos pelos outros, do amor que dele e dos outros nós recebemos?
Oremos com Maria Celeste
Ò Verbo eterno...
Tua voz substancial sem dizer
palavras me
Explicou
O ato puro e divino de teu
ser no Pai celeste
E do ser do Pai em ti.
Eu vi que és a felicidade e a
sabedoria do Pai,
Luz infinita, todo poder,
Riqueza, glória, beleza,
misercórdia, verdade,
Justiça, santidade:
Espelho limpidíssimo de todas
as perfeições divinas;
Paz, centro, contentamento,
Quietude participante de toda
a bondade
E felicidade do Pai...
Tu és a luz e a glória dos
anjos,
A beleza e as delicias do
céu,
E a força invencível da
virtude de Deus (Es, Premier Jour)
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